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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Balanço SPFW Verão 2012 - dia 2

Arrebatamento fashion número 1 da temporada: Reinaldo Lourenço verão 2012, com coleção de festa, daquelas que dá gosto de assistir na passarela e que a gente fica triste quando o desfile acaba (ainda bem que dá para ver e rever pela internet). Longos de seda brilhante, impecáveis, são extremamente sensuais, com top inspirado em lingeries, transparências nas costas, colo e ombros (parece que não há tecido, de tão fino e imperceptível), com detalhes que cobrem os seios (o de gatinho é incrível) e dão forma ao corpo feminino, como um delineador, escondendo só o necessário. As saias longas também ganham faixas transparentes e brilho delicado, em alguns modelitos que de tão chiques faz a gente querer que chegue o quanto antes um convite de festa de gala. O estilista provoca ainda mais, com série de vestidos texturizados, como se fossem feitos de pastilhas dobráveis. São bibelôs de vestir, daqueles que só usa quem pode, longos, para a festa das festas.
O trabalho de bordados de canutilho brilhante nos bustiês que cobrem a camiseta transparente (usada com calça sequinha) deixa a coleção ainda mais sofisticada, delicada e ultrafeminina. Do corset veio a inspiração das blusas de couro, de alça, dando pegada fetichista ao verão de Reinaldo. A bolsinha de mão cestavada é linda. Na cartela de cores, preto, branco e azul predominam. A estamparia floral aparece nos vestidos-casulo (o shape "inseto" já visto no Fashion Rio verão 2012, como se fosse uma concha, ou, asas). A sandália de tira fina vira abotinada, sendo a proposta de lurex a mais interessante. Pode descer o champanhe!
Já na Bienal, a Movimento foi a primeira marca de moda praia da temporada de verão 2012 em São Paulo. A melhor proposta da estilista Tininha da Fonte é a estamparia, feita à mão pelo artista plástico George Barbosa, de Pernambuco, bem tropical, clean e que foge dos manjados navy, floral e coqueiro, apesar do apelo e das cores tropicais. O biquíni vem do cortininha de um lado só à hot pant bem alta, usada com cinto grosso que cobre o umbigo. Os tops frente única e tomara-que-caia retos são cinquentinha, sem bojo. Ombro único com babado remete à moda lambada, da roupa de praia que também é roupa de passeio, supertendência. São lindos os maiôs cavados lisos, em verde, laranja e rosa (moda aeróbica dos anos 80, lembra?), com recortes na barriga e costas. O maiô com gola durinha e decote profundo também é bom, perfeito se usado como body em um coquetel de fim de tarde de verão, com a calça curta estampada proposta pela Movimento como saída de praia. Preto e branco se revezam como fundo das estampas quase abstratas (mas dá para identificar uma folha de paineira aqui e ali). A explosão de cores vem nas peças inspiradas em rabiscos, com golas e detalhes que "saltam" para o corpo, como uma pintura que ultrapassa o contorno. Duo e trio de tiras para acabar com a ditadura da marquinha, boa aposta, já que não tem nada mais over que marca de biquíni...
Nesta temporada, Alexandre Herchcovitch reservou para sua coleção feminina o conceito do menos é mais. Minimalista ao extremo (para o "padrão" Herchcovitch), ele propõe vestidos de seda perolada bem brilhante, midi, com bordados delicados de brocado, faixa na cintura e cores fracas, como rosa, amarelo, branco, bege (tem preto e branco também). O vermelho aparece em algumas peças, como na saia abaixo do joelho e no vestido de manga curta reto, sem estampas (meio oriental, mas bem de leve). A calça também é curta e reta. Bodies inspirados em lingerie têm pegada pin up, sendo as peças bordadas com véu à moda "Thelma & Louise" (sabe o filme de 1991?) a maior ousadia do estilista, que resgata a moda dos sapato alto de bico mais fino. Os óculos de armação clara são redondos, bem vintage. Na cabeça, chapéu à moda equitação, que dá pegada esportiva à coleção clássica, morna e comportada (quase tudo com manga, sem decotes, gola careca). Apesar de correto, Alexandre, que pela primeira vez apresentou desfile (superelogiado) no Fashion Rio, há duas semanas, deixou aqui os fashionistas com vontade de mais.
Do tênis (o esporte) veio a inspiração da Cori. Neste verão 2012, a saia pregueada típica das partidas femininas servem de formato para a saia longa, a saia midi, vestidos e até bermudas amplas. Listras, janelas transparentes e zíperes aparentes deixam a alfaiataria bem esportiva, sem perder o tom clássico da marca. Tecidos plastificados (a jaqueta é linda, supermoderna) e tecnológicos mostram ainda mais clara a intenção de Andrea Ribeiro e Gisele Nasser, estilistas da marca, de aproximar a moda esportiva à moda clássica, sendo as viseiras de plástico transparente o acessório principal (e os óculos de sol gatinho), usadas com camisas, coletes e saia secretária (com pregas discretas). Cores fortes na cartela, com cítricos, preto, azul, apesar da predominância do banco (a cor do verão 2012). O tamanco é quase um contraste à proposta inovadora, fazendo lembrar que ainda se trata de moda casual-chique, embora despretenciosa.
Valdemar Iódice arrasou na trilha sonora, com pout-pourri de clássicos do rock, como Nirvana, Coldplay e o pop do Depeche Mode. O solo de violino de "Smells Like Teen Spirit", hino de Kurt Cobain, foi emocionante, sendo difícil voltar a atenção 100% para a passarela. Mas, com esforço, é possível dizer: vestidos nem míni, nem midi, brancos de renda, transparentes são boas apostas. A saia godê de organza deixa a coleção com pegada colegial, apesar de ser adequada para coquetéis e outros it-eventos. Os rendados cítricos também se destacam, sendo o vestido de renda vazada, usado com hot pant e bustiê preto, um dos mais bonitos. A alfaiataria sugere jaleco e capa comportada, com botões, em branco. O macacão liso com manga morcego, azul, chama a atenção, após série de "mais do mesmo". A sandália de tira fina prata, metálica é bem do futuro, apesar da já esperada ausência de novas ideias.
Para a coleção de verão 2012, o estilista curitibano Jefferson Kulig une barrados cheios de volume de crochê à alfaiataria clássica e ampla, criando textura felpuda em peças como coletes, casaquetos e camisas. A polaina com escarpin é over. Ainda bem que rolou estamparia divertida de cavalos (a camiseta com ombros que são caras de cavalos é "cool") e macarrão (digital, como se cada fio de massa estivesse trançado nos fios de tecido).
Na edição passada do SPFW, em janeiro, a Triton já havia mostrado a cara nova da marca, mais madura (ou, menos comercial, menos adolescente) e consistente. A proposta se mantém nesta temporada, com coleção de verão que misturou bem o tropical (são lindas e alegres as estampas de tucano e flamingos, um mix de Havaí com Pantanal), o esportivo (shape de roupa de surfista, de neoprene estampado), a alfaiataria com inpiração masculina (lindo o sobretudo camelo bem amplo) e o sexy, com transparência sutil, fenda comportada e barrados de pelinho. A maxirrenda confunde de longe, dando a impressão de que a roupa é feita de folhas vazadas, em verde bandeira e azul. O lurex ilumina a cartela de cores vivas, que conta ainda com amarelo, vermelho, branco e preto. Ombros estruturados e pontudos dão aquela hypada necessária na coleção

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