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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Balanço SPFW - dia 3


Nesta quarta-feira (15), a Cavalera fez o despertador dos fashionistas tocar cedo, já que o desfile da marca de Alberto Hiar ocorreu na parte da manhã, a céu aberto, no Parque do Ibirapuera. Para o verão 2012, a inspiração é o México, com direito a Festa dos Mortos, Frida Kahlo, Zorro e lutadores encapuzados. Apesar dos esqueletos e caveiras em estampas (as t-shirts masculinas são lindas, inclusive para elas) e acessórios, nada de morbidez na estação quente. Na cartela, cores vivas, como vermelho, azul, amarelo, preto (e até branco, a cor da temporada). A Cavalera mantém a pegada rocker, desta vez com influência hiponga da cantora americana Janis Joplin, que embalou a trilha sonora do desfile. Calça boca-de-sino, vestidos amplos, bordados lindos, bem à moda mexicana (muito paetê, canutilho e penduricalhos), babados, barriga de fora e transparência são as apostas para a coleção feminina. Também é incrível o penteado inspirado na artista Frida Kahlo, com tranças presas e flores, bem fresquinho, com cara de camponesa. A alfaiataria desconstruída é bem urbana, street, ao estilo da marca, com casaqueto cropped, coletes despojados e paletó unissex. A estamparia das camisetas masculnas são as boas apostas para os rapazes do rock and roll (usadas com a calça skinny de barra dobrada) e pegada rústica, lavada, desbotada, como uma memória de quem já partiu. O desfile contou ainda com performance na passarela, com dançarinos vestidos de esqueleto, para complementar a atmosfera festiva, que de fúnebre não tinha nada.
Gloria Coelho sabe, como poucas, se renovar sem perder a identidade de sua marca. O destaque na coleção apresentada no shopping Iguatemi é a forma com que ela utilizou o couro, como nos looks em que o material surge intercalado com tecidos, formando camadas e babados, em cores delícia, como rosa e laranja. Também são um assombro as peças feitas de tiras de couro, formando armaduras vazadas sobre camisetas coloridas e malhas de critasl. Já as túnicas curtas, estampadas com recortes de couro formando imagens dos símbolos do zoodíaco, são o equívoco da coleção. Dispensáveis.
Mario Queiroz aventura-se pela primeira vez pelo mundo da moda feminina. O estilista, conhecido pela alfaiataria masculina impecável, pincelou peças "de homem" que funcionam muito bem no guarda-roupa das mulheres, como a bata com jeito de quimono, a gravata fina, o paletó cropped e o paletó à moda smoking, com um botão só, tipo executiva-fatal. Mas a grande sacada do estilista desta vez, tanto para rapazes e mulheres, foi o macacão que imita calça social e camisa (meio yuppie), facilitando a vida de quem não aguenta mais pensar em combinações corretas para um dia de trabalho em que o traje exigido é mais formal. Preto e branco predominam na cartela, que conta ainda com cinza. Listras discretas são a estampa da vez, mas destacam-se as apostas lisas, com duo das cores complementares. Nada de short, saia, nem bermuda. As calças clássicas são as peças do verão 2012 de Mario Queiroz. O paletó maculino volta a ter quatro botões (também tem peça com dois botões) e tecidos tecnológicos ganham espaço na jaqueta-blazer masculina (usada aberta), deixando a roupa de escritório bem futurista.
Rústico X moderno no desfile deslumbrante (um dos melhores da temporada de verão 2012 em São Paulo, até o momento) da Huis Clos. E muitas (muitas) franjas, no colete, no vestido, nas mangas de peças de alfaiataria ampla, tudo à moda fazendeira-rica-fashionista. Contas minúsculas, redondas, confundem: são botões? são alfinetes esquecidos? Nada de pânico! As roupas estão muito bem alinhavadas e a ideia é essa, trazer as roupas das manequins de costura direto para a passarela, sem muito artifício. Em contraste, tecidos plastificados, metálicos e brilhantes (a saia dourada é linda, com faixa opaca para quebrar o tom "fantasia" e as blusas prateadas feitas de náilo usam  cinza, azul e rosa claros). O comprimento predominante é abaixo do joelho, com saia reta que tem fenda discreta deslocada para a lateral e movimento leve. Lisos monocromáticos em off-white, cru, azul marinho, vermelho-cereja destacam-se, sendo a estamparia reduzida a geometria sutil, quase um desenho. A alfaiataria valoriza ancas e ombros, com calça curta e vestido amplos, com recorte nas costas, combinada à malha mescla despojada em um dos looks. Ainda assim, as franjas velho-oeste das bem-nascidas predominam, sendo longas, finas e localizadas em locais estratégicos, cheios de movimento.
A modelagem é invertida no verão capoeirista da Osklen. As roupas masculinas são mais sexy (e mais curtas, com direiro a regata transparente e recortada) que as femininas, que são amplas, comportadas (mesmo com as propostas transparentes, cropped e barriga de fora). Oskar Metsavaht, estilista da marca, veste os rapazes com regatas de alça grossa (linda a branca com bolsão rústico em preto, uma das primeiras da passarela) e bermuda encurtada, de alfaiataria clássica de linho e de tecidos tecnológicos ao estilo saco de lixo, muito sofisticado, neste caso. A calça masculina é também mais curta, sendo o look monocromático de tecido bem fininho (lembra a textura das batatas crispy, de tão delicado), em amarelo envelhecido, um dos destaques. Bolsa de lado croco, sandália franciscana (bem rústica, de tiras grossas de couro) e alpargatas de calcanhar vazado são os acessórios da coleção dos homens. No entanto, chama mesmo a atenção os maxióculos caricatos, bem chapados, parecendo máscara de Carnaval. Para elas, plataformas altíssimas de madeira, com tiras douradas na sandália com pegada oriental.
Saias longas, saída de praia transparente e micromacacão texturizado se revezam na coleção feminina, na qual predominam as formas exageradas, arredondadas, pelo menos duas vezes maior que o corpo. É lindo o macacão amplo com fendas nas pernas e a gola do vestido comprido feita de quadradinhos coloridos, como se fossem pastilhas de costurar. A estamparia digital dourada é ponto de luz em meio ao preto e branco predominante da cartela. À moda Marc Jacobs, a Osklen sugere sacola de praia (e de cidade também, por que não?) de mão, durinha e colorida, com o nome da marca estampado.
Ashton Kutcher enganou bem na Colcci, mais uma vez. Ao lado de Alessandra Ambrosio, a nova primeira-dama da marca catarinense, já que Gisele Bündchen se aposentou deste "cargo" na temporada passada, o ator americano abriu o desfile mais esperado do dia. E nem se deu o trabalho de fechar. Caminhou fazendo gestos, caras e bocas de cavalheiro até o fim da passarela e saiu de fininho, sem retornar ao backstage. Vai entender... Ah, a coleção: navy de listra fina e grossa, alfaiataria ampla (bem ampla, com calças de boca megalarga, assim como o jeans escuro). Pegada dos anos 1970, com plataformas altíssimas que fez algumas modelos bambear o passo, sem nenhum acidente mais grave. O shape skinny fica restrito à coleção masculina, com camisa de tecido que imita plástico. Na cartela, azul, vermelho, branco, preto, laranja e rosa predominam. Sem o galã da noite, Alessandra fecha o desfile de tomara-que-caia branco, curto, segurando numa boa a ausência do parceiro "fujão".


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